Desde que começaram a observar mais a doença cardiovascular na mulher e os fatores de risco ligados ao gênero, viu-se que as mulheres sobreviventes do câncer de mama tiveram eventos cardiovasculares no futuro.

Quanto mais tempo de vida após o câncer, maior o risco de morrer pelo coração. Um estudo avaliou as causas de morte de mulheres sobreviventes do câncer de mama e a proporção de mortes não ligadas ao câncer passava de 28% em sobreviventes de um ano para acima de 60% em sobreviventes com mais de 10 anos, nas quais notou-se serem mais comuns a doença cardiovascular e a de Alzheimer do que entre a população geral. 23,6% das mulheres que morreram com mais de 10 anos do diagnóstico de câncer de mama, morreram devido à doença, enquanto 15,5% morreram devido a outros cânceres e 60,9% por causas não ligadas a câncer.

A doença cardíaca foi a causa mais comum. O tratamento oncológico pode colocar o coração em risco de diferentes maneiras. A quimioterapia é capaz de danificar o músculo cardíaco e sua capacidade de bombear o sangue, levando à insuficiência cardíaca. A radioterapia, quando aplicada na região do tórax, pode interromper o ritmo cardíaco normal e danificar o revestimento ao redor do coração e as válvulas cardíacas. O maior risco da radiação é o desenvolver doença arterial coronária precoce e grave, aumentando o risco de infarto nessa população.

Hoje em dia existe a especialidade “Cardio-oncologia” na qual o cardiologista se especializa em acompanhar os pacientes submetidos a tratamentos contra o câncer afim de identificar precocemente e atuar evitando a cardiotoxicidade da quimioterapia. O que não se pode fazer é desencorajar o paciente a receber o tratamento correto contra o câncer. Algumas manobras de cardioproteção são utilizadas e os riscos cardiovasculares minimizados durante o tratamento.

Uma vez tratado o câncer, as mulheres sobreviventes devem manter acompanhamento regular com cardiologista e são convidadas a um olhar mais amplo para sua saúde, para controle de fatores de risco e mudança no estilo de vida, a fim de evitar eventos cardiovasculares futuros.