Conviver socialmente é complicado. Muitas vezes, ocorrem distorções entre as interações culminando em relacionamentos tóxicos. Entre as relações distorcidas está contido o abuso psicológico. As vezes disfarçado como ciúme, controle ou até humilhação, essa forma de agressão causa danos e traumas que muitas vezes precisam de tratamento psicológico ou até psiquiátrico para a vítima. Se você ou alguém próximo está passando por uma situação parecida com as quais falaremos a seguir, busque ajuda e denuncie!

Para começar, vamos identificar com mais detalhes do que se trata um abuso psicológico. Segundo Inma Alvarez, inicialmente precisamos entender que se trata de uma interação social entre duas pessoas na qual uma é “mais forte” e a outra é “mais fraca”. Entenda, quando falamos sobre a “força” dos indivíduos na interação, estamos falando sobre alguém que se aproveita das vulnerabilidades do outro para exercer controle.

Dessa forma, a primeira característica é a falta de igualdade, respeito e preocupação pela integridade do outro. Em muitos casos, a vítima na relação sente seu senso de liberdade se esvaindo aos poucos. E, à medida que o tempo passa, o “fraco” sente mais dificuldade de sair das correntes que lhe fazem mal, entrando num ciclo vicioso.

Há uma reflexão dos mais antigos sobre quando você coloca um sapo numa panela com água e esquenta essa panela. À medida que a temperatura externa aumenta o sapo se adapta ao ambiente. Contudo, quando a situação se torna insustentável, ele busca pular para fora da panela. Por estar sem energias, o anfíbio não consegue sair daquele lugar que se torna cada vez mais inóspito. No final, ele morre.

Geralmente, o abuso psicológico ocorre de forma gradual. Costuma começar nas primeiras interações de forma sutil. Pouco a pouco você sente medo de tomar suas decisões, no que o outro vai pensar. Você se molda ao outro e aos poucos perde sua identidade e a si mesmo. Além de desenvolver uma dependência à outra pessoa. Criando uma simbiose tóxica. Fonte: Fernanda Vicente no Ondda

Vamos observar alguns números? Um estudo da defensoria pública no Ceará (apresentado por Barbara Câmara) aponta que 98% das vítimas que foram atendidas no Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. Uma pesquisa no site www.generonumero.media apresentada por Lola Ferreira aponta que mulheres sofrem 4 vezes mais abuso psicológico do que homens. Nas mulheres o maior índice de incidência, mais de 30%, ocorre pelos parceiros. Nos homens mais de 40% é feito por familiares.

Quando pensamos, 4 vezes mais é um número assustador! Todavia, quando colocamos em porcentagem, é mais alarmante ainda. Resumidamente, pelo menos mais de 80% dos casos de violência psicológica são feitos contra mulheres. Isso é apontado por especialistas como fruto de uma cultura machista na qual as mulheres devem ser submissas e obedientes aos homens. O maior problema é que muitas vezes esses comportamentos “evoluem” para violência física que, em alguns casos, não há como remediar a situação.

As pesquisas de Lola Ferreira mostram que a maior parte dos casos é feito contra mulheres pelos seus parceiros. Porém, elas não excluem outros casos. Essas situações podem ocorrer com todo mundo. Maridos, filhos (a), amigos (a), Alunos (a), colaboradores subordinados (a), na verdade, todos e quaisquer pessoas podem sofrer. E todas e quaisquer pessoas podem fazer também

Para poder identificar um agressor, vamos ver suas principais atitudes segundo Laura Reif:

• “Ameaças;

• Constrangimento;

• Humilhação;

• Manipulação;

• Isolamento (proibir de estudar e viajar ou de falar com amigos e parentes);

• Vigilância constante;

• Perseguição contumaz;

• Insultos;

• Chantagem;

• Exploração;

• Limitação do direito de ir e vir;

• Ridicularização;

• Tirar a liberdade de crença;

• Distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre a sua memória e sanidade (mais conhecida como síndrome de Gaslighting).”

No último tópico, demos uma leve esmiuçada na síndrome de gaslighting. Vamos nos aprofundar um pouquinho mais, já que é muito importante. Como dito, é um comportamento feito para que a pessoa dúvide de sua sanidade mental. Isso faz com que todos os “problemas da relação” pareçam culpa da vítima e dificulta ainda mais para que os laços tóxicos sejam quebrados. (Explicação de Laura Reif).

Se você passa, ou acha que pode estar passando por essas situações, pare um pouco e olhe para dentro de si. Vamos listar a seguir alguns comportamentos de quem passa por abusos psicológicos de acordo com Laura Reif

• “Você duvida de si mesmo constantemente;

• Você se pergunta “Eu sou sensível demais?” várias vezes ao dia;

• Você constantemente se sente confuso ou até mesmo maluco;

• Você está sempre pedindo desculpas ao seu parceiro;

• Você não entende por que, com tantas coisas aparentemente boas na sua vida, você não está mais feliz;

• Você frequentemente cria desculpas para justificar o comportamento do seu parceiro para seus amigos e sua família (ou até para si mesmo);

• Você começa a esconder informações dos seus amigos e da sua família para que não tenha que explicá-las ou inventar desculpas;

• Você sabe que algo está muito errado, mas nunca consegue expressar exatamente o que, nem para si mesmo;

• Você começa a mentir para evitar as distorções da realidade e ser posto para baixo;

• Você tem dificuldade para tomar decisões fáceis;

• Você sente que costumava ser uma pessoa muito diferente – mais confiante, mais divertida e mais relaxada;

• Você se sente desesperançoso e desanimado;

• Você sente que não consegue fazer nada certo.”

Pense comigo caro leitor, nós somos os senhores de nossas escolhas e ninguém pode decidir nossas vidas por nós, pois nós é que vamos vive-la. Se você perceber que está passando por uma situação de violência psicológica, se afaste da pessoa imediatamente, busque ajuda e se necessário, denuncie! Claro que é difícil tanto identificar, quanto sair dessa situação, mas você pode contar com ajuda de psicólogos, amigos, familiares e muitos outros para sair dessa situação.

Então, quebre esse tabu! Abuso Psicológico, Denuncie! Seja com você ou uma pessoa próxima, “corte o mal pela raiz” antes que seja tarde demais. Nossa integridade mental é fundamental para nosso bem estar. E, essas atitudes são, muitas vezes, uma porta de entrada para agressões piores. Por isso, preserve você e quem você ama. Caso precise de auxílio psicológico, procure por https://terapiacognitivaonline.com/. Ligue para os órgãos competentes em seu estado para denunciar. Em casos mais extremos, ligue 190.